(Restinga
Seca, Rio Grande do Sul, 1914 – Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1994). Pintor,
gravador, desenhista, escritor, professor. É um daqueles artistas que não
cansam de buscar “a verdade” em sua arte. Passando por diferentes fases ao
longo de sua trajetória, constrói um acervo rico e diverso, que nasce com
paisagens e deságua, ao final, em obras que focam o ser humano.
Inicia sua
educação artística, aos 14 anos, na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria,
Rio Grande do Sul, onde tem aulas de pintura com o alemão Frederico Lobe e o
italiano Salvador Parlagreco (1871-1953).
Aos 18 anos,
emprega-se como aprendiz no Batalhão Ferroviário. Passa para o posto de
desenhista técnico, aprende geometria e perspectiva. Permanece no cargo até
1936, quando retoma os estudos em Porto Alegre e ingressa no curso técnico de
arquitetura do Instituto de Belas Artes, sob orientação do professor Fahrion
(1898-1970).
A partir de
1940, passa a se dedicar às artes com mais afinco, desenha personagens da rua e
aumenta progressivamente seu interesse pela pintura. Realiza telas em que
retrata sua esposa e faz paisagens, que pinta com grande espontaneidade. Em
quadros como Dentro do mato (1942), diz procurar o
"instante fugidio"1. Pinta um panorama natural,
traçando as figuras com gestos fortes sobre a massa espessa de tinta. Esse
procedimento não encontra lugar no ambiente artístico acadêmico do Rio Grande
do Sul da época. Por isso, o pintor procura ampliar seus horizontes: pleiteia e
consegue bolsa do governo gaúcho para estudar no Rio de Janeiro.
Chega à
então capital federal no fim de 1942 e logo conhece Candido
Portinari (1903-1962), Djanira
(1914-1979), Milton
Dacosta (1915-1988) e Maria
Leontina (1917-1984). Alguns meses depois, ingressa na Escola
Nacional de Belas Artes (Enba). Insatisfeito com o academicismo,
abandona o curso em poucos meses. Seguindo a indicação de Portinari, passa a
assistir às aulas de desenho de Guignard
(1896-1962) e funda, em 1943, com outros artistas, o Grupo
Guignard. As faturas se tornam mais ralas e de gestualidade menos pronunciada.
Em Auto-retrato (1943), tenta reconstituir o aspecto diáfano
da pintura de Guignard.