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Milton Dacosta

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Currículo

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Milton Rodrigues da Costa (Niterói, Rio de Janeiro, 1915 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1988). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador. Milton Dacosta, como é conhecido, constrói uma trajetória peculiar dentro da história da pintura brasileira. Conectado com a produção artística e os debates sobre arte de sua época, incorpora influências externas, mas as ressignifica a partir de um mergulho em si mesmo, revelando-se um artista em constante reflexão sobre seu trabalho. Nesse processo, se deixa permear por outros artistas, sem, contudo, abandonar sua subjetividade.

Em 1929, aos 14 anos, inicia estudos de desenho e pintura no ateliê do professor alemão August Hantv em Niterói. Frequenta por apenas três meses o curso livre de Marques Júnior (1887-1960) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), Rio de Janeiro, fechada pela Revolução de 1930. Nessa época, conhece o pintor Antônio Parreiras (1860-1937), com quem mantém contato regular, visitando seu ateliê e mostrando os primeiros trabalhos que realiza. Interessa-se pela pintura pós-impressionista. Aos 16 anos, ajuda a fundar o Núcleo Bernardelli, conjunto independente de artistas instalados no porão da Enba, coordenados por Edson Motta (1910-1981).

No início, a produção de Dacosta se caracteriza por reproduzir os princípios da pintura moderna, tendo como modelo a Escola de Paris. Com uma disciplina sistemática, ele se preocupa em adquirir esses princípios, sem se importar muito com o tema a ser pintado —  paisagens, nus, marinhas, vistas urbanas e retratos. Observa-se que sua produção não se preocupa com o detalhe pitoresco ou a fixação de uma "brasilidade". Ao contrário, de maneira autônoma, afirma-se em pinceladas modulares e estruturais, numa incorporação natural do que faz Paul Cézanne (1839-1906). Como observa o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em telas como Paisagem em Santa Teresa (1937), já se percebe que "a pintura de Dacosta é regida por um princípio de economia. Ele não se detém em demoradas elaborações, mas na captação sintética da estrutura plástica"1

Na década de 1940, sua obra começa a mudar e passa a incorporar outras influências externas. Composição (1942), por exemplo, revela a aproximação do artista com a pintura metafísica do pintor italiano Giorgio de Chirico (1888-1978): a superfície da tela apresenta planos definidos de cor e espaço enigmático, ambos elementos fundamentais para o desenvolvimento do construtivismo da produção posterior do artista. O prêmio de viagem ao exterior, recebido na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes em 1944, potencializa esse processo. Dacosta parte para Nova York no ano seguinte e, posteriormente, para a Europa. Fixando-se em Paris e cursa a Académie de La Grande Chaumière, onde se dedica a estudar de perto os pintores conhecidos apenas por ilustrações, como impressionistas franceses Paul Cézanne e Henri Matisse (1869-1954), italiano Amedeo Modigliani (1884-1920) e holandês Piet Mondrian (1872-1944). Nesse período frequenta o ateliê do pintor francês Georges Braque (1882-1963) e conhece o espanhol Pablo Picasso (1881-1973).

 

Obras